Crítica: para quê?


Jomard Muniz de Britto

“Treze – tive um prazer cruel em deter-me nesse número”.

Marcel Proust invocado por Walter Benjamin.

  1. Situar a obra-texto-intervenção no CONTEXTO de afinidades, interesses, repertórios, perspectivas enquanto horizonte de leituras. Criticar pode ser o passe livre para CONTEXTUALIZAR. Aprender a apreender.
  2. Problematizar o ideário estético-ideológico na dinâmica dos JOGOS de LINGUAGEM. Entre metonímias e metáforas encarar situações-limite da estética, da ética e até mesmo das TRANSideologias da contemporaneidade. O desejo de contextualizar se desdobra em ler, reler infinitamente.
  3. Rever a mitologia da crítica CONSTRUTIVA cuja função jornalística vem sendo o elogio (fácil), a celebração (mínima ou monumental), a religação dos intimismos sombreados pelo poder da mídia. Interroguemos.
  4. Contrariar demandas de autoria entre a sede e a fama, o acaso e a necessidade, a sorte e a fortuna, a profissão e a profusão dos empreguismos. Em ano eleitoral tudo se facilita ou se complica.
  5. –“O crítico é estrategista na batalha da literatura”: eis a legítima provocação de Walter Benjamin entre ruínas e suicídios. Pensemos.
  6. Compreender dialogicamente por argumentação, sem recusar as dialéticas da negatividade, a precisão conceitual e os riscos da experimentação. Criticar interpretando, mas suspendendo julgamentos autoritários.
  7. Por que nas estantes e telas da internet inumeráveis textos de poesia e narrativas desvelam a redução de escritas e escrituras teóricas?
  8. Investir nas potencialidades de reinvenção do cotidiano como tarefa de urgências antirrotineiras percorrendo das Altas Literaturas, clássicas e modernas, às práticas literárias dos internautas pelo prazer de forjar e fomentar estéticas da periferia com beijos para Heloisa Buarque de Holanda. Beijemos.
  9. Entre prova dos nove e novenas, quando alcançaremos o TREZE de Proust a Benjamin? Continuar apostando na crítica sem fetichismo, sem temor nem rancor. Sem facilidades no império dos sentidos narcísicos.

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10 comentários

Filed under Jomard Muniz de Britto, Revista #1

10 responses to “Crítica: para quê?

  1. Acho ótima essa intertextualidade com a crítica literária. Eu mantenho uma oficina literária na net. Para quem quiser participar:

    oficina_literaria-subscribe@yahoogrupos.com.br

    Saludos. Maria José Limeira.

  2. thiagopininga

    Para provocar:

    Crítica: para quem?

  3. Bela provocação de Jomard. Estou à disposição. Abs de Carrero

  4. Niti

    “Por que nas estantes e telas da internet inumeráveis textos de poesia e narrativas desvelam a redução de escritas e escrituras teóricas?”
    Concordo, mas pergunto:
    E por que nas bibliotecas de teses e dissertações ou nas estantes, inúmeros textos teóricos desvelam a redução de textos de poesia e narrativas nas telas da internet e produções independentes, consagrando apenas os já consagrados há mais de 100 anos?

    • Bom questionamento, Nice. Uma de nossas preocupações no Laboratório é lançar um olhar sobre a Crítica e produção literárias contemporâneas. Mas, para provocar, não se escreveu nada na Academia sobre a literatura brasileira depois da década de 50?

      • Niti

        Bom, depois da década de 50, creio que sim, mas depois da de 90, por exemplo, tenho cá minhas dúvidas e, é bom ressaltar, que lá se vão 20 anos…

    • Para citar um exemplo, Niti, segue um link:

      Click to access Transtextualidade-e-Erotismo-na-Trilogia-de-HH.pdf

      Sou uma pessoa que, de alguma forma, compartilha suas inquietações. Mas entendo que a Academia nem sempre acompanha o ritmo da produção contemporânea. Só que há Academias e Academias. Lembro de nossas conversas sobre a USP e não me estranha que pense assim, mas há jovens acadêmicos como o João Martins, que citei acima, que estão muito antenados e, pelo menos aqui, noto alguns avanços no sentido de entender o hoje. Mas também creio que um certo afastamento é necessário para entender uma obra.
      No mais, acho que abrir espaços para a crítica, como estamos fazendo, fora do espaço das universidades, mas com uma ligação com elas, é um caminho possível para refletir sobre essa produção, não acha?

      • Artur Lins

        Criticar tem algo a ver com ação e reação: é dar a cara a tapa, mas quem quer bater? Ou quem quer fazer um afago? Quais as regras dessa peleja?
        Com relação à academia: apenas ela tem o aval de dizer quem poder ser crítico, quem faz boa crítica, o que deve ser criticado? Creio que isso pode ter gerado uma inércia no sentido de que alguém necessite de um empurrão e penso que um dos papeis do Laboratório seja esse.
        PS – Se levarmos em conta a Lei de Sturgeon, “noventa por cento de tudo é lixo”.

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